segunda-feira, janeiro 30, 2006

2046 - Segredos do Amor (2046, de Wong Kai-War, 2004)
2046 é a continuação de Amor à Flor da Pele (que, como pode ser visto na lista ao lado, aparece na quarta posição no meu Top10 da década até agora). Mas, ao mesmo tempo, 2046 não é a continução de Amor à Flor da Pele. Estranho? Muito. O fato é que este novo filme do diretor chinês Wong Kar-Wai é uma produção bastante ambígüa, porque, ao mesmo tempo em que depende de forma intensa do filme anterior, pode ser apreciada independentemente do outro filme. É que o personagem central de 2046, o escritor vivido com competência por Tony Leung, é o mesmo em ambos os filmes. Aqui, o personagem aparece ressentido da recusa amorosa que sofreu no filme anterior. Esse ressentimento transforma-se em distanciamento e frieza em relação, principalmente, às mulheres. Mais uma vez apostando na sutileza e na simbologia das imagens, a câmera de Kar-Way se move por entre os personagens com absoluta autoridade. Infelizmente, 2046 é inferior à Amor à Flor da Pele, principalmente por apostar no hermético e na falta de linearidade da história. Destacam-se, ainda assim, os atores, o figurino e a belíssima fotografia, com seus enquadramentos nada convencionais. Mas quem, realmente, me chamou a atenção foi a chinesa Zhang Ziyi, belíssima e muito bem no papel da prostituta Bai Ling. Nota: B+
___________________
Amanhã, a partir das 11:30 da manhã (horário de Brasília), saem as indicações ao Oscar. Fiquem de olho.

domingo, janeiro 29, 2006



Orgulho e Preconceito (Pride & Prejudice, de Joe Wright, 2005)
Adaptações literárias podem gerar três tipos de filmes: os ruins; os bons, mas inferiores à obra original; e aqueles que conseguem se tornar uma obra independente do livro. A diferença entre os dois primeiros e o terceiro reside num fato bastante singelo e até óbvio, alguns diriam. Entender que literatura e cinema são meios absolutamente diferentes e, portanto, devem ser tratados de forma diferente, é o primeiro passo para fazer um filme que sobreviva à comparação com o livro. Se em Orgulho e Preconceito (o livro) é a inteligência mordaz de Jane Austen que nos surpreende, sua vitalidade, o jogo de palavras, os sub e os mal-entendidos, no filme a coisa terá de ser diferente. E não é que, apesar de todas as minhas reticências iniciais, o filme sai-se muitíssimo bem? E isso se dá basicamente porque, além de um elenco muito competente (inclusive a sonsa da Keira Knightley está fantástica), o diretor Joe Wright e o diretor de fotografia Roman Oshin entendem que o cinema é feito, sobretudo, de imagens. Poucas vezes vi um filme tão bem fotografado e iluminado. O filme é de uma delicadeza e de uma sensibilidade impressionantes. Mesmo em cenas internas, a fotografia é de tirar o fôlego. É justamente essa força imagética que torna o filme Orgulho e Preconceito uma obra que está além do livro. Não é apenas uma adaptação literária, mas um filme completo, uma obra plena em si mesma. Certamente serei obrigada a vê-lo por uma segunda vez. E recomendo enormemente o soberbo livro de Jane Austen. Nota: A+
=> Orgulho e Preconceito chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de fevereiro.

Munique (Munich, de Steven Spielberg, 2005)
Há diversas formas de falar sobre o novo filme de Spielberg. Mas vou me deter a falar de duas delas. Do ponto de vista político, Munique é um filme bastante corajoso, talvez o mais corajoso e engajado da carreira do diretor. Aqui, vemos um Spielberg diferente, desnudo do sentimentalismo que muitas vezes acaba compromento seu trabalho mais recente (como em Guerra dos Mundos e Inteligência Artificial). Isso tudo porque, além de não se desviar para a fácil jornada das emoções rasteiras, Spielberg dirige um filme que claramente clama pelo caminho do entendimento nas relações entre palestinos e israelenses ao invés de justificar a violência de ambos os lados. Munique é, antes de mais nada, um apelo pelo entendimento, pelo perdão. Mas Spielberg, um judeu, foi duramente criticado por humanizar os palestinos e não tratá-los como sórdidos terroristas incapazes de sentir emoções humanas. O fato é que Spielberg não humaniza os terroristas, o que acontece é que seu olhar percebe que há seres humanos dos dois lados do conflito e que a violência que permeia seus mundos só pode gerar mais violência. Já do ponto de vista puramente cinematográfico, o filme falha. Para início de conversa, é excessivamente longo, pelo menos uns 20 minutos poderiam ser retirados. E se Munique acerta quando centra a ação em torno do personagem de Eric Bana (principalmente quando ele começa a perder os nervos), perde-se de forma monumental ao tentar criar um vínculo entre a equipe liderada por ele (que, aliás, parece absolutamente incompetente e amadora). Dessa forma, boa parte do filme é lenta e chata, sem a tensão tão clara de um tema tão explosivo. Pena, porque Spielberg poucas vezes teve nas mãos um material tão interessante. Nota: B+

quarta-feira, janeiro 25, 2006



A Marcha dos Pingüins
(La Marche de L'Empereur, Luc Jacquet, 2005)
Na saída do cinema, tudo que eu queria era adotar um pingüim. Sério. Isso tudo porque A Marcha dos Pingüins é um todos filmes mais encantadores que eu já vi. O diretor Luc Jacquet foi extremamente inteligente na construção no roteiro: ao humanizar os pingüins (incluindo aí a narração), Jacquet cria uma história de apelo universal, a história pela sobrevivência dentro da comunidade, cujo centro justamente é a célula familiar tão cara ao seres humanos (pai-mãe-filho) . É claro que, no caminho, surge um emaranhado de situações que variam desde o emocionante até o curioso, passando pelo engraçado. É exatamente este o aspecto que mais me chamou a atenção neste documentário: a capacidade do cinema em transformar uma história aparentemente banal e chata em um filme cheio de tensão e aventura. No meio disso tudo, ainda se destacam as paisagens exuberantes da Antártida. Vale a pena mesmo! Nota: A

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Globo de Ouro
Acabei acertando apenas 8 das 13 categorias do Globo de Ouro. Achei que fossem premiar a Michelle Williams na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (à la Natalie Portman, ano passado), mas o prêmio acabou ficando com a adorável Rachel Weisz, que agora tem tudo para faturar o Oscar no dia 5 de março. Outra premiação que me pegou de surpresa foi a de George Clooney. Com três indicações, era óbvio que o galã não sairia de mãos abanando, mas achei que ele ganharia um Globo de Ouro pelo roteiro de Boa Noite, e Boa Sorte, um filme que foi melhor recebido que Syriano, pelo qual Clooney acabou levando o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. No mais, acho que a premiação foi bastante óbvia. Infelizmente, é difícil dizer se os prêmios foram justos ou não. Afinal, a grande maioria dos premiados e indicados sequer chegou ao Brasil. Agora é esperar pra ver.
_____________________
Filmes!
Finalmente consegui ver alguns filmes esta semana. Vamos a eles:
Soldado Anônimo (Jarhead, de Sam Mendes, 2005)
Fui sem muitas expectativas, já que o filme acabou decepcionando a crítica americana e também não foi lá muito bem nas bilheterias. Mas, enfim, é um bom filme. Começando pelo lado positivo, Soldado Anônimo tem uma fotografia espetacular, comandada por Roger Deakins. Sem dúvida nenhuma, é o melhor aspecto do filme. Outro ponto positivo é a trilha sonora. Além disso, Sam Mendes continua provando que é um diretor bastante talentoso, criando inclusive algumas cenas muito interessantes (como aquela em que os soldados vêem Apocalipse Now e vão à loucura) e o elenco tem bons momentos. Mas falta ao filme um pouco mais de impacto emocional. E quando tenta, no final, emocionar o espectador, vemos que Soldado Anônimo é extramente belo, mas tão inspído quanto o deserto do Oriente Médio. Senti falta, ainda, de um questionamento mais elaborado sobre aquela guerra tão diferente. É interessante, por exemplo, ver os soldados perceberem que a guerra agora é outra, que se dá nos ares e com os chamados mísseis "inteligentes", e a frustação, depois de tanta preparação, soa natural e até compreensível. Mas parece, então, que, apesar disso, eles nunca se perguntam o que afinal estão fazendo lá. Nota: B+
________________
Tudo em Família (The Family Stone, de Thomas Bezucha, 2005)
Até que vale a pena pelas atuações (principalmente Sarah Jessica Parker e Rachel McAdams), mas o filme acaba se perdendo no drama final e não consegue desenvolver todos os personagens. Ainda assim, Tudo em Família tem alguns bons momentos e pode ser divertido em uma sessão da tarde despretensiosa. Não machuca, mas também não acrescenta nada. Nota: B-
__________________
Vi também Constantine (interessante, mas um pouco irregular) e Jogos Mortais (decepcionante). Mais tarde falo um pouco mais sobre esses filmes.

sábado, janeiro 14, 2006


Quero recomendar aqui uma banda que acabei de conhecer. O nome é Clap Your Hands Say Yeah. Muito boa. Procurem no e-mule, ou algum programa do gênero. Não sei se o CD já foi lançado no Brasil. Recomendo principalmente as músicas The Skin of My Yellow Country Teeth, Details of the War, Is This Love? e Clap Your Hands!. Essa foto aí de cima é da capa do primeiro, e até agora único, álbum dos caras, lançado em 2005. Dêem uma procurada, vale a pena.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Minhas previsões para o Globo de Ouro, que acontece na segunda-feira a partir das 22hs, no Sony.

Melhor Filme - Drama
O Segredo de Brokeback Mountain

Melhor Diretor
Ang Lee, O Segredo de Brokeback Mountain

Melhor Ator - Drama
Phillip Seymor Hoffman, Capote

Melhor Atriz - Drama
Felicity Huffman, Transamerica

Melhor Filme - Comédia/Musical
Johnny & June

Melhor Ator - Comédia/Musical
Joaquin Phoenix, Johnny & June

Melhor Atriz - Comédia/Musical
Reese Whiterspoon, Johnny & June

Melhor Ator Coadjuvante
Paul Giamatti, A Luta pela Esperança

Melhor Atriz Coadjuvante
Michelle Williams, O Segredo de Brokeback Mountain

Melhor Roteiro
Good Night, and Good Luck

Melhor Trilha Sonoroa
Brokeback Mountain

Melhor Música
Brokeback Mountain

Melhor Filme Estrangeiro
Kung Fu Hustle, China

quarta-feira, janeiro 11, 2006

RACHEL WEISZ!

Acabei de participar de um chat com a atriz Rachel Weisz. Apesar de ter sido muito bagunçado, foi bem legal. Além de ótima atriz, Rachel é inteligente, muito querida e respondeu três perguntas minhas. Primeiro, perguntei como tinha sido trabalhar com Fernando Meirelles e ela disse que foi ótimo, que ele dá bastante espaço para o ator trabalhar. Foi só elogios. Depois perguntei se ela era parecida com a Tessa (personagem dela no O Jardineiro Fiel), ela respondeu que sim, ambas são muito apaixonadas pelas coisas em geral. Mas disse que a Tessa é uma ativista e ela apenas uma atriz. Por último, perguntei qual o próximo projeto depois de The Fountain. Rachel respondeu dizendo que é ser mamãe! A atriz está grávida de 5 meses do diretor Darren Aronofsky.
Torcerei por ela segunda-feira, noite de premiação dos Golden Globes, e espero que seja indicada ao Oscar por seu brilhante trabalho em O Jardineiro Fiel.

terça-feira, janeiro 10, 2006


Ok, ainda não tive a oportunidade de ver nenhum filme ainda em 2006. Motivos: trabalhei todos sábados e domingos do ano até agora (ser jornalista é foda) e estou fazendo um catch up em 24, a série de TV do Jack Bauer. Estou terminando a terceira temporada, que é boa, mas inferior às outras duas, e em seguida vou começar a ver a quarta temporada, que dizem ser excelente.
Ainda assim, amanhã vou ver Oliver Twist, novo filme do Roman Polaski, que pelo menos aqui em Porto Alegre estréia nesta sexta-feira. E enquanto isso, publico (aí em cima) uma foto fofíssima do documentário "A Marcha dos Pingüins", que também estréia dia 13/1.