sexta-feira, setembro 29, 2006


O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006)
Certos filmes, mesmo os que não trazem nada de novo, conseguem ser bem sucedidos (tanto junto à critica especializada quanto ao grande público) porque combinam uma proposta honesta com boa execução. O Diabo Veste Prada talvez tenha sido a maior surpresa do concorrido verão norte-americano, e o filme realmente não decepciona, mesmo para quem não é fã do mundo da moda. Claro que o show pertence à Meryl Streep, em uma atuação memorável (sua melhor performance em anos). Mesmo sendo a vilã indiscutível, com traços de Cruella de Vil, Meryl nunca deixa de compor uma personagem multidimensional, e, portanto, verossímel. Mas o roteiro também se sustenta pela ótima participação do veterano Stanley Tucci, um ator que raramente recebe os elogios que merece. Anna Hathaway, não compromete, embora lhe falte um pouco mais de charme. Enfim, um filme divertido, leve, bem humorado, perfeito para uma tarde de sábado despretenciosa no cinema. Nota: A-

domingo, setembro 10, 2006

Ter de trabalhar domingo às 7 da manhã até que ajuda às vezes: obriga a pessoa a ficar em casa sábado de noite vendo filmes na TV. Consegui rever dois dos meus filmes favoritos: Cidades dos Sonhos (Mulholland Drive, do David Lynch) e Carne Trêmula (do Almodóvar). O primeiro é um clássico do cinema surrealista do Lynch. Adoro, embora faça quase nenhum sentido aparente. Não é interessante? Um monte de peça solta e contudo o filme é emocionante, envolvente, triste, instigante... E traz uma das maiores atuação da história (sem exageros): Noami Watts é um monstro nesse filme. Eu gosto de Cidades dos Sonhos justamente porque é uma colcha de retalhos que funciona perfeitamente porque David Lynch tem o absoluto domínio sobre sua obra. E gosto ainda mais porque nos faz lembrar que cinema é sobretudo uma arte; ou seja, não precisa necessariamente fazer sentido para nos emocionar. Já Carne Trêmula é um filme bem menos pretensioso, mas é o meu Almodóvar preferido (Tudo Sobre Minha Mãe vem logo em seguida). Grandes atuanções, drama de primeira, direção impecável, um diagnóstico interessante sobre a Espanha atual e um jogo intrincado de personagens. Imperdível.
Nessa semana, assisti ainda o australiano Sob Efeito da Água (Little Fish, 2005) - aliás, péssimo nome em português. O grande elenco, encabeçado pelos ótimos Cate Blanchett e Hugo Waeving, é o melhor aspecto do filme, prejudicado por um roteiro confuso e pretensioso. É um filme confuso que não deveria sê-lo. Nota: B-