domingo, outubro 14, 2007



Tropa de Elite (2007)

Tropa de Elite é o filme mais comentado do momento, embora eu pareça ter sido umas das únicas pessoas que viu o filme no cinema. A pergunta que todos estão se fazendo é: afinal, Tropa de Elite é fascista ou não é? Acho que a coisa é bem mais complicada do que isso. Não acho que por mostrar a visão do Bope, e não das "vítimas", o filme se torne fascista. O problema está nas mentes daqueles que querem respostas fáceis. Os métodos e a violência empregada pelo Bope são uma resposta fácil pra quem, como todos nós, são reféns diários do caos brasileiros. O grande mérito do filme é mostrar, na verdade, a tragédia brasileira atual: estamos num túnel sem saída. Apesar disso, "ir à guerra", subir o morro e dizimar "o problema", não pode ser a única solução possível. Idolatrar o capitão Nascimento (Wagner Moura, o melhor ator brasileiro na atualidade) também não é solução. Nascimento não é herói. Mesmo em conflito, ele jamais questiona os métodos do Bope, que tortura, humilha e mata a seus próprios critérios. Lembrando a ótima crítica do Pablo Villaça sobre o filme, se alguns de nós vibram nas cenas de tortura e torcem para que Matias (o ótimo André Ramiro) faça mesmo o que ele faz na última cena do filme, é apenas porque sabemos que os torturados, mortos e agredidos são mesmos os bandidos. Não tenho nada contra torcer pelo politicamente incorreto, afinal, cinema é ficção... Mas trazer certas conclusões para a realidade pode ser bastante perigoso. Aliás, embora seja um bom filme, acho que o problema de Tropa de Elite está justamente no off excessivo do personagem de Wagner Moura. A narração muita vezes impede que o espectador tire suas próprias conclusões. Ainda assim, filme obrigatório. E no cinema! Nota: 4 estrelas

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Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme, 2007)

Admito que pouco conhecia sobre a vida e a obra de Edith Piaf. Foi com surpresa, portanto, que me vi absolutamente apaixonada por esta personagem. "Piaf - Um Hino ao Amor", o filme, é sobretudo a brilhante interpretação de Marion Cotillard. Memorável, emociante, perfeita, a atriz é o próprio filme. Vale totalmente o ingresso. Ainda que "Piaf - Um Hino ao Amor" seja apenas mediano e tenha falhas óbvias (como as lacunas da vida da cantora que nunca são respondidas pelo roteiro e que, de fato, até parecem ter sido escondidas pelo filme), Cotillard é sublime e uma intérprete à altura do talento da verdadeira Piaf.

Nota: 4 estrelas