quarta-feira, novembro 30, 2005

Comentários bem sucintos hoje:
No Seu Lugar (In Her Shoes, de Curtis Hanson, 2005)
Filme bonitinho, mas óbvio, marcado por boas atuações e alguns momentos bem engraçados. Sempre espero mais de Curtis Hanson (diretor do ótima Los Angeles - Cidade Proibida), e se este não é um grande filme, também não compromete. O problema é que, além de óbvio, o final ainda força a barra nos momentos "tocantes". É como se o roteirista dissesse: bem, aqui é o momento do filme em que o público chora, aqui é a hora em que a protagonista desperta um certo de tipo de antipatia no espectador (que mais tarde será superada). Enfim, é tudo muito previsível. Ainda assim, vale a pena numa sessão descompromissada de sábado a tarde. Nota: B
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O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, Scott Derrickson, 2005)
O ótimo elenco, comandado por Laura Linney e Tom Wilkinson, não consegue segurar a tensão nesse filme bem feito, porém chato em alguns momentos. Não se trata de um filme ruim, mas mal enfocado: ao invés de centralizar a narrativa no exorcismo do título, o roteiro prende-se por demais em um enfandonho drama de tribunal que não emociona nem surpreende o espectador. Pena. Nota: B-
=> Ambos os filmes entram em cartaz no Brasil inteiro neste final de semana, a partir do dia 02 de dezembro.

domingo, novembro 27, 2005

Filmes que verei esta semana:

- No Seu Lugar (In Her Shoes, de Curtis Hanson, 2005). Verei amanhã, estréia sexta-feira, dia 02 de Dezembro, em todo o país. Comédia romântica com Cameron Diaz e Toni Collette. Recebeu críticas razoáveis da imprensa norte-americana.
- O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, de Scott Derrickson, 2005). Verei na terça-feira, tem estréia marcada para 02 de Dezembro. Não espero grande coisa, mas o elenco chama a atenção: Laura Linney, Tom Wilkinson, Campbell Scott e Shohreh Aghdashloo.
Vou tentar ainda ver o Harry Potter, vamos ver.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Cidade Baixa (de Sérgio Machado, 2005).
Como é bom ver um filme brasileiro bem realizado, em que os diálogos soam como naturais, a história é bem contada, os atores estão ótimos, a direção é impecável. Cidade Baixa é tudo isso e mais um pouco. Para a contar a história dos três protagonistas, o grande trunfo de Machado é construir um universo que nos leva sempre a mesma constatação: a desesperança que marca a vida daqueles indíviduos. Por isso, a direção de arte é tão perfeita que nem parece direção de arte: os cenários são sempre sujos, velhos, desgastados, reais, salientando aquele mundo de violência, pobreza e falta de perspectiva. O figurino segue o mesmo caminho e a crueza da fotografia é outro ponto alto do filme. Mas não são apenas os aspectos técnicos que se destacam, Cidade Baixa é sobretudo um filme tocante, ainda que fale sobre um assunto batido: um triângulo amoroso impossível. E o final, que pode deixar muita gente decepcionada, encaixa-se perfeitamente, porque essa história, de fato, não tem solução. Nota: A

domingo, novembro 20, 2005

Alguns comentários sobre filmes que eu vi neste fim de semana:

- Da Cama Para a Fama (Torremolinos 73, de Pablo Berguer, 2003). Divertido filme espanhol que está em cartaz aqui em Porto Alegre (não faço a mínima idéia se já passou por outras cidades ou se já existe em DVD). Conta a história de um casal (os ótimos Javier Cámara e Candela Peña) que começa a protagonizar filmes pornográficos depois de passar por necessidades financeiras. Recheado de cenas engraçadíssimas e com atuações impecáveis, o filme nos remete com perfeição ao que há de mais bizarro nos anos 70: parece que realmente estamos assistindo um filme feito naquela época. Enfim, imperdível. Nota: A-
- O Segredo de Vera Drake (Vera Drake, de Mike Leigh, 2004). Grande atuação de Imelda Stauton, mas fica por aí. Fiquei bastante decepcionada. Além de ser um pouco lento (habitual do diretor Mike Leigh), não me acrescentou nada ao final das duas horas de filme. Nota: B
- Por Conta do Destino (Heights, de Chris Terrio, 2005). Excelente filme que eu catei na locadora. A vida de cinco pessoas se cruza em um dia em Nova Iorque. Não dá pra falar muito mais do que isso. Maravilhosa atuação de Glenn Close e o resto do elenco também não compromete. Esse filme mal chegou nos Estados Unidos, só passou em alguns festivais, mas já existe nas locadoras brasileiras e vale a pena. Dêem uma procurada. Nota: A-
- Tentação (We Don't Live Here Anymore, de John Curron, 2004). Fazia tempo que eu estava curiosa a respeito desse filme, mas infelizmente trata-se de um filme apenas mediano. A vida de dois casais começa a ruir quando um adultério cruza os seus caminhos. O grande elenco não salva um roteiro pretensioso e confuso, que não consegue explicar a razão dos personagens agirem como tal. Uma pena. Nota: B
=> Próximo filme: Cidade Baixa. Estão falando muito bem desse filme. Vou tentar ver amanhã.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Marcas da Violência (de David Cronenberg, 2005)
Tom Stall (Viggo Mortensen) é um pacato comerciante americano, bem casado e pai de duas lindas crianças. Enfim, uma vida perfeita. Mas será mesmo? A vida de Tom começa a ruir quando ele mata dois bandidos que tentam roubar seu pequeno restaurante, ameaçando alguns clientes. Através de uma trama simples, o talentoso diretor David Cronenberg discute com bastante competência dois assuntos muito interessantes: a violência e a própria natureza humana. A violência do título é aquela que infiltra cada vez mais na nossa casa e se expressa em cada mínimo detalhe, e aqui, o roteiro tem a inteligência de colocar a violência em todos os aspectos do cotidiano: na escola, nas relações pai e filho e até mesmo misturando-a ao sexo, numa das cenas mais bem construídas do filme. Aliás, é emblemático e irônico perceber também que a solução do filme, a solução para o problema da violência que persegue Tom, reside justamente no uso da violência; ou seja, para escapar da violência que pode destruir sua vida, Tom usa da própria violência. Seria, então, a violência algo absolutamente essencial da natureza humana? Sabiamente, Marcas da Violência não é um filme panfletário, não há uma tese, o espectador que quer respostas para suas questões sairá decepcionado. O que o roteiro faz é simplesmente contar uma história, a história de um homem que não consegue se desvencilhar do seu passado. Talvez seja esse o grande tema do filme: quem somos, na realidade? Nossos nomes? Nossos erros? Nosso passado? É possível mesmo começar de novo?
Ouvi alguns comentários a respeito da estrutura do filme, de que Cronenberg teria conduzindo a história de forma muito convencional, inclusive exagerando nos momentos iniciais em que a "felicidade" da família Stall é estabelecida. Eu justamente acho que é essa a intenção do diretor: Cronenberg está o tempo inteiro brincando com o conceito do "american way of life", com o jogo de aparências da sociedade americana.
Mas, enfim, excelente filme, conduzindo por um Cronenberg bastante contido, mas ainda assim muito competente. O ponto alto sem dúvida são as interpretações de todo elenco, principalmente o casal de protagonistas: Viggo e Maria Bello. Imperdível. Nota: A

segunda-feira, novembro 14, 2005

Manderlay (de Lars Von Trier, 2005)
O polêmico Lars Von Trier está de volta, dessa vez cutucando um tema bastante explosivão: a escravidão nos EUA. Segunda parte da saga proposta pelo diretor para retratar o império americano, Manderlay não chega a atingir a excelência de Dogville (um dos dez melhores filmes da década até agora, na minha opinião), mas ainda assim é um filme muito bom. Se no filme anterior levamos tempo para nos acostumar com o cenário (ou melhor, a falta de), aqui o primeiro desafio é aceitar a jovem Bryce Dallas Howard (de A Vila) no papel da mocinha Grace, papel que anteriormente tinha sido vivido por Nicole Kidman. Bryce compõe uma personagem diferente, mas sai-se bem num papel bastante complexo. Depois de deixar Dogville, Grace e seu pai (acompanhados de toda a sorte de capangas) encontram a pequena comunidade de Manderlay, que ainda vive nos tempos da escravidão, embora a história se passe nos anos 30. Mais uma vez, o bom coração e o idealismo pregarão uma peça na jovem Grace, que decide ajudar os "pobres negros", mas lá pelas tantas vê que a tarefa não será tão fácil quanto imaginava. Trier exagera um pouco no tom panfletário, mas o roteiro (muito bem escrito e com dialógos muito elegantes) é um ótimo estudo de como se dão as relações interpessoais dentro das comunidades, que papéis cada um representa, e, assim como em Dogville, o embate é o mesmo: a comunidade x o indivíduo. É interessante, por exemplo, perceber que, a certa altura, Grace se vê enredada em suas próprias ações e a solução que ela achará é emblemática: vingança, violência e fuga. Essa situação contraditória é acentuada pelo ótimo narrador, na voz de John Hurt, sempre cínico e satírico, chegando a inclusive criticar e ironizar a protagonista. Quem não gostou de Dogville, dificilmente gostará de Manderlay, mas quem gosta da obra do diretor dinamarquês não saíra decepcionado. Nota: A-
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A Noiva-Cadáver (de Tim Burton, 2005)
Existem certos filmes que precisam ser visto pelo seu rigor técnico e pelo fantástico visual, independentemente das histórias que contam. A Noiva-Cadáver é certamente um deles. O diretor Tim Burton esbanja todo o seu talento para contar uma história simples, mas bem amarrada, e quem dá um show é a direção de arte e a cenografia, absolutamente maravilhosas. Cada mínimo detalhe foi cuidado. Destaque também para a trilha sonora, composta pelo sempre competente Danny Elfman. Imperdível para os fãs de Burton e de animação. Nota: A-
- Daqui a pouco vou ver Marcas da Violência, que dizem ser excelente. Depois comento aqui.

sábado, novembro 12, 2005

Tudo Acontece em Elizabethtown (de Cameron Crowe, 2005)
Quando a trilha sonora de um filme é o seu melhor aspecto, algo está errado. É isso que acontece no mais novo filme do americano Cameron Crowe, um diretor interessante mas um tanto superestimado. Eu tenho que admitir que não sou grande do fã do diretor, acho Jerry Maguire bonitinho e Quase Famosos bem realizado, já Vanilla Sky é muito ruim. Em Elizabethtown, Crowe erra mão por vários motivos mas tudo começa em Orlando Bloom, um ator apático que até mesmo nas narrações não desperta o mínimo interesse no espectador. Kirsten Dunst e Susan Sarandon até que tentam, mas seus personagens se perdem no emaranhado de narrativas que Crowe propõe. Aliás, talvez seja este justamente o maior problema do filme: a falta de um tema central. E mesmo os diálogos, normalmente bastante interessantes no filmes anteriores do diretor e roteirista, dessa vez, deixam a desejar. Mas, além da trilha sonora, que é sempre maravilhosa nos filmes de Crowe, outra coisa se repete também aqui: o talento inegável do diretor em criar cenas que parecem saídas diretamente de um comercial de margarina... Nota: B-
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Plano de Vôo (de Robert Schwentke, 2005)
Filme divertido, bem montado e muito bem atuado, começando pela sempre competente Jodie Foster. A solução final deixa um pouco a desejar, mas o filme é interessante e consegue manter a tensão até o final. Vale a pena pelo fato de que quase todo o filme se passa exclusivamente dentro de um enorme avião. Nota: B
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Em breve, vou escrever meus comentários sobre Manderlay

terça-feira, novembro 08, 2005

Eu raramente assisto novelas, mas tento, de tempos em tempos, prestar atenção no horário nobre (ou seja, no folhetim das oito que passa às nove). E eu tenho que dizer aqui que a novela América, principalmente na sua reta final, me deixou muito preocupada por uma razão bastante simples: a dramaturgia brasileira parece rumar em direção à completa mexicanização, incluindo soluções sofríveis, personagens mal-escritos, vilões unidimensionais e efeitos especiais de última categoria. E se olharmos para os outros horários, perceberemos que essa tendência também está presente: Bang Bang, por exemplo, é horrível. Manoel Carlos, por favor, retorne o quanto antes! (a boa notícia é que ele vai retornar com a próxima novela das oito, trazendo Regina Duarte como Helena... e uma Ana Paula Arósio contemporânea).
Mas o quê dizer então na nova novela das oito, Belíssima? O início não me empolgou, Sílvio de Abreu é um autor irregular (acertou com a Próxima Vítima, mas errou feio com a péssima Torre de Babel) e o elenco também não é dos mais adequados. Não consigo entender, por exemplo, a fascinação por Glória Pires. Considero-a uma boa atriz, chegando a ser excelente quando interpreta personagens durões, como em Memorial de Maria Moura, ou é a vilã, como em Mulheres de Areia, mas como a mocinha da história ela se torna pálida e desinteressante. Da mesma forma, acho Marcello Antony um par totalmente inadequado para Pires, ainda que seja muito charmoso. Antony sai-se melhor quando interpreta personagens canalhas. Outra coisa que me incomodou na estréia foi o exagero na composição da personagem de Fernanda Montenegro, achei que ela seria uma avô durona, mas protetora, e não o mal em pessoa. De mais, o núcleo cômico me parece, como sempre, muito confuso, mas salva-se o carisma de Cláudia Raia e a beleza de Reynaldo Gianecchini. E Jamanta continua chato...
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Vi O Coronel e o Lobisomem, não achei tão ruim quanto esperava que fosse, mas o final confuso, a trilha sonora totalmente inadequada e a voz de Selton Mello quase destróem o filme. Quem rouba a cena é Pedro Paulo Rangel, maravilhoso na pele de Juquinha. Diogo Vilella e Ana Paula Arósio estão competentes como sempre. Nota: B-

quarta-feira, novembro 02, 2005

Crash - No Limite (de Paul Haggis, 2005)
Crash estreou há um tempão nos EUA e fazia meses que eu esperava ansiosa para que o filme chegasse no Brasil. Felizmente, o filme não frustou minhas expectativas. Trata-se de um dos melhores do ano (considerando a escala de lançamentos nos EUA, é o melhor do ano ao lado de O Jardineiro Fiel). Crash conta a história de diversos moradores de Los Angeles, rodeados pela violência e pela intolerância, e tais aspectos da cidade terão efeitos irremédiáveis na vida de cada um deles. O elenco é maravilhoso, mas preste atenção em Matt Dillon, ele está ótimo como um policial racista e durão que... melhor parar por aqui, até porque Crash é, principalmente, sobre a capacidade do ser humano de surpreender frente às situações mais inesperadas. Crash é sobre como nunca somos exatamente o que parecemos ser. Em sua crítica na revista Veja, Isabela Boscov reclamou que o final do filme guarda a rendenção para todos os personagens. Mas eu não concordo com isso não. Ao contrário do que acontece em Magnólia, por exemplo, aqui nem todos os personagens acabarão bem, até porque o filme trata justamente da volatilidade das tensões sociais e de como cada um nós reage de maneira diferente frente a determinadas situações. Se um dia revelamos um certo preconceito racial, no dia seguinte podemos estar ajudando aquela mesma pessoa, porque esta é a nossa natureza: absolutamente contraditória. E apesar de tratar de um tema tão explosivo, Crash consegue atingir um ponto de absoluta delicadeza e sutileza que acrescenta em muito à discussão, formando uma rede lúdica, mas realista que prefere trazer à tonas assuntos importantes a discuti-los com ódio e raiva. (Ou simplesmente não discuti-los, claro). Nota: A