quarta-feira, novembro 02, 2005

Crash - No Limite (de Paul Haggis, 2005)
Crash estreou há um tempão nos EUA e fazia meses que eu esperava ansiosa para que o filme chegasse no Brasil. Felizmente, o filme não frustou minhas expectativas. Trata-se de um dos melhores do ano (considerando a escala de lançamentos nos EUA, é o melhor do ano ao lado de O Jardineiro Fiel). Crash conta a história de diversos moradores de Los Angeles, rodeados pela violência e pela intolerância, e tais aspectos da cidade terão efeitos irremédiáveis na vida de cada um deles. O elenco é maravilhoso, mas preste atenção em Matt Dillon, ele está ótimo como um policial racista e durão que... melhor parar por aqui, até porque Crash é, principalmente, sobre a capacidade do ser humano de surpreender frente às situações mais inesperadas. Crash é sobre como nunca somos exatamente o que parecemos ser. Em sua crítica na revista Veja, Isabela Boscov reclamou que o final do filme guarda a rendenção para todos os personagens. Mas eu não concordo com isso não. Ao contrário do que acontece em Magnólia, por exemplo, aqui nem todos os personagens acabarão bem, até porque o filme trata justamente da volatilidade das tensões sociais e de como cada um nós reage de maneira diferente frente a determinadas situações. Se um dia revelamos um certo preconceito racial, no dia seguinte podemos estar ajudando aquela mesma pessoa, porque esta é a nossa natureza: absolutamente contraditória. E apesar de tratar de um tema tão explosivo, Crash consegue atingir um ponto de absoluta delicadeza e sutileza que acrescenta em muito à discussão, formando uma rede lúdica, mas realista que prefere trazer à tonas assuntos importantes a discuti-los com ódio e raiva. (Ou simplesmente não discuti-los, claro). Nota: A