
2046 é a continuação de Amor à Flor da Pele (que, como pode ser visto na lista ao lado, aparece na quarta posição no meu Top10 da década até agora). Mas, ao mesmo tempo, 2046 não é a continução de Amor à Flor da Pele. Estranho? Muito. O fato é que este novo filme do diretor chinês Wong Kar-Wai é uma produção bastante ambígüa, porque, ao mesmo tempo em que depende de forma intensa do filme anterior, pode ser apreciada independentemente do outro filme. É que o personagem central de 2046, o escritor vivido com competência por Tony Leung, é o mesmo em ambos os filmes. Aqui, o personagem aparece ressentido da recusa amorosa que sofreu no filme anterior. Esse ressentimento transforma-se em distanciamento e frieza em relação, principalmente, às mulheres. Mais uma vez apostando na sutileza e na simbologia das imagens, a câmera de Kar-Way se move por entre os personagens com absoluta autoridade. Infelizmente, 2046 é inferior à Amor à Flor da Pele, principalmente por apostar no hermético e na falta de linearidade da história. Destacam-se, ainda assim, os atores, o figurino e a belíssima fotografia, com seus enquadramentos nada convencionais. Mas quem, realmente, me chamou a atenção foi a chinesa Zhang Ziyi, belíssima e muito bem no papel da prostituta Bai Ling. Nota: B+
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Amanhã, a partir das 11:30 da manhã (horário de Brasília), saem as indicações ao Oscar. Fiquem de olho.