segunda-feira, agosto 22, 2005

Água Negra (Walter Salles, 2005)
Walter Salles é um diretor competente que às vezes acaba comprometendo seus filmes por exagerar no sentimentalismo. Foi assim em Central do Brasil, Abril Despedaçado e até mesmo em Diários de Motocicletas (seu melhor filme, na minha opinião). Dessa vez, no entanto, Salles erra a mão não por exagerar no sentimentalismo, mas por não definir a qual gênero pertence seu filme. Ainda que seja um bom filme, Água Negra seria certamente muito melhor caso se decidisse por ser um suspense psicológico, e não um terror convencional. A indefinição gera uma série de cenas e situações desnecessárias cujo objetivo é apenas dar um susto no espectador. O roteiro deveria ter se concentrado nos problemas psicológicos de Dahlia (personagem de Jennifer Connelly, mais uma vez interpretando uma mulher problemática e perdida) e na relação traumática desta com a sua mãe, mas prende-se demasiadamente no mistério envolvendo (surpresa! surpresa!) uma criança desaparecida, ao mesmo tempo, que dá algumas pistas de que tudo não passa de uma alucinação da mente conturbada de Dahlia. Ou seja, Água Negra confunde-se entre uma trama madura e psicológica, que não está presente na maioria dos filmes de terror, e elementos bastante familiares e óbvios a este gênero do cinema. Mesmo assim, ainda é um filme interessante e vale a pena pelo ótimo elenco. Nota: B

Música do dia: Angels, Elliott Smith

Dica de filme: Amor Maior Que a Vida (Keith Gordon, 2000). Sempre tenho a impressão que ninguém nunca viu esse filme. Vale pelo ótimo roteiro e pela química entre Jennifer Connelly e Billy Crudup.