sexta-feira, julho 01, 2005

Sobre Heróis e Tumbas, de Ernesto Sábato.
Se por alguma razão estranha eu fosse abrigada a viver em uma ilha deserta, mas tivesse a oportunidade de levar apenas um livro comigo, não tenho dúvidas de que escolheria Sobre Heróis e Tumbas, a obra-prima do escritor argentino Ernesto Sábato. Embora seja um emaranhado de vozes narrativas e linhas temáticas, Sobre Heróis e Tumbas é um calhamaço de mais de 600 páginas cujo tema central parece ser sempre o mesmo: a incomunicabilidade entre os seres humanos e a loucura que nasce justamente a partir dessa problemática. Este, na verdade, é um tema recorrente na obra de Sábato. Em O Túnel (outro livro memorável), o autor já discute as dificuldades dos relacionamentos interpessoais. Em ambos os livros, os personagens vagam entre o limite do são e da loucura, carregando um pouco de cada em si. Em poucas palavras, Sobre Heróis e Tumbas narra o encontro do problemático Martín com a misteriosa Alejandra, uma jovem belíssima atormentada pela figura do pai ausente. A partir disso, Sábato traça um paralelo com uma porção de outras histórias, incluindo o famoso e perturbador “Relatório Sobre os Cegos”. Publicado pela primeira vez em 1961, Sobre Heróis e Tumbas tem a qualidade das grandes obras: permanece atual, mesmo passados mais de 40 anos de seu lançamento. Mais do que isso, sua belíssima narrativa ainda desperta as mais variadas emoções após várias releituras. Sábato é um mestre em histórias trágicas e personagens angustiados, e seu estilo furioso exige do leitor uma dedicação mais do que atenta. Não se trata de uma leitura fácil; pelo contrário, em muitos momentos a narrativa é quase incompreensível, deixando muitas perguntas ficam sem resposta. Enredado numa trama cheia de sentidos e leituras diferentes, o leitor é absolutamente dominado pela narrativa de Sábato e fica difícil parar de ler.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

QUERO ARTIGO NOVOOOOOOO!!!!!!!!!!
Beijos!

10:36 PM  
Blogger Gonzalo said...

Eu li faz pouco o livro do Sábato. Me identifiquei muito e o achei impressionante.
Após a leitura, a sensação que se tem é que as pessoas que tem um mundo interior mais forte e profundo vivem em mundos paralelos em relação a maioria que vive em um mundo superficial.
Em um mundo povoado por autonomos e sonambulos que não pode gerar mais do que a desagregação do ser.
O Sábato capta a essência da solidão.

11:23 AM  

Postar um comentário

<< Home